Senar Sergipe encerra primeira etapa do Programa Sertão Empreendedor
Orientar os produtores de como gerenciar a sua propriedade é um dos objetivos do Programa Sertão Empreendedor desenvolvido através do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Sergipe (Senar-SE). Na primeira etapa do programa, 140 produtores em sete municípios receberam assistência técnica e gerencial durante dois anos.
O Programa Sertão Empreendedor acontece em Sergipe desde 2016 em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Sergipe (Sebrae/SE). A metodologia é baseada em visitas técnicas mensais com foco em gerenciamento e treinamentos. Um técnico visita a propriedade do produtor para oferecer toda assistência necessária para que ele possa aumentar os lucros e melhorar a qualidade do produto oferecido.
A supervisora do programa Sertão Empreendedor, Camila Costa, afirma que é possível produzir leite com qualidade no período de estiagem com a assistência técnica oferecida pelo Senar-SE, através do Programa Sertão Empreendedor. Os principais resultados do programa para o Estado são uma pecuária leiteira com um leite de mais qualidade, rebanhos mais uniformes e bem tratados.
“Mesmo passando por momentos de estiagem, como foi em 2016, através de técnicas de reserva alimentar e equilíbrio das dietas oferecidas aos rebanhos, mantivemos as produções em 2016 e em 2017-2018 o aumento da produção naturalmente chegou, pois tínhamos muito alimento reservado”, pontuou.
Ainda segundo Camila, a principal meta do programa é ensinar a fazer a gestão da propriedade, apoiada no controle dos custos de produção, no aumento produtivo e valorizando o produto final, que é o leite.
“É um leite com padrão de gordura para os laticínios e com taxas de CCS e CBT dentro do aceitável. Hoje através da gestão bem feita o produtor vê o dinheiro sobrar no bolso dele, o que diretamente reflete a qualidade de vida das famílias assistidas”, enfatiza Camila.
Produtores
A primeira etapa aconteceu em sete municípios: Canindé, Tobias Barreto, Frei Paulo, Carira, Porto da Folha, Nossa Senhora da Glória e Poço Redondos sendo 20 produtores em cada município.
Segundo Adalton Fernandes, que trabalha numa das propriedades assistidas no município de Nossa Senhora da Glória, conta que aprendeu a gerenciar melhor a alimentação do gado.
“Esse programa foi muito importante porque adquiri muito conhecimento. Aprendi como se cuidar de uma bezerra, como fazer dieta, a quantidade que o animal precisa comer. Hoje aprendi a manejar bezerra. Começamos a fazer a reserva alimentar. A gente colocava o animal na roça e no meio do ano faltava alimento e agora fazemos a comida conforme a quantidade de animais. Antes tínhamos mais animal e era a mesma quantidade de leite. Hoje o gado é outra genética e a qualidade do leite melhorou, afirma Adalton.
O produtor de leite do município de Porto da Folha, Manoel Messias de Campos, foi outro beneficiado pelo programa. Como o município está localizado no sertão, a maior dificuldade era alimentar o gado no período de seca. Na propriedade de Messias, foi construída uma Unidade Demonstrativa de Palma, uma reserva para alimentação do rebanho.
“Se pudesse esticar por mais uns quatro anos esse programa aqui na minha propriedade eu faria isso. Se esse projeto fosse há cinco anos, não estava sofrendo. Hoje tenho palma, sei alimentar o gado. Estava com 10 vacas com uma média de 26 litros de leite/vaca/dia. Hoje tenho sete vacas em lactação e vendo 180 litros. Com sete vacas, faço minha feira, dou ração a elas e ainda coloco na roça R$ 1 mil por semana para pagar o trabalhador”, afirma Messias.
O produtor de leite Manoel Messias também participou dos treinamentos oferecidos pelo programa, entre eles, o de como alimentar o gado utilizando uma dieta equilibrada. Segundo Messias, antes do programa, as vacas tinham muito mastite, uma inflamação das glândulas.
“O treinamento que mais gostei foi o de manejo de ordenha e prevenção de mastite. Minhas vacas tinham muita mastite e eu não sabia porquê. Tem dois anos que minhas vacas não têm mastite. Antes eu dava muita soja e milho e hoje mudei a alimentação com o que aprendi no treinamento. Hoje tenho mais renda”, enfatiza Manoel Messias.
Reserva alimentar
Foram construídas sete Unidades Demonstrativas de Palma sendo uma em cada município. As unidades foram construídas para servir como alimentação alternativa do gado. A supervisora Camila Xavier explica que a palma é um alimento energético, barato, e ainda guarda a água que é tão escassa na região semiárida.
“A palma suporta baixos regimes hídricos que temos na região do Alto Sertão sergipano, de forma que plantar palma é maior garantia que plantar milho, por exemplo. Se estamos falando de gestão de propriedade leiteira, os produtores não podem perder investimentos. Palma é garantia”, pontua.